Ficção mescla gêneros literários e traz o protagonismo místico que o gato tem no Japão
Considerado símbolo folclórico e de boa sorte no Japão, o gato, além de um símbolo místico, é o protagonista do livro “Um gato em Tóquio”, de Nick Bradley (VR Editora).
Em uma Tóquio frenética, uma jovem entra na loja de um tatuador e faz um pedido inusitado: Ela quer tatuar nas próprias costas o mapa completo das ruas da capital japonesa, mas vazias, sem ninguém. O tatuador aceita, mas não resiste e inclui uma gatinha manchada no desenho.
Na primeira sessão, o tatuador ilustra a gatinha em frente à famosa estátua do cão Hachiko, na estação Shibuya. No entanto, toda vez que a jovem retorna para finalizar as sessões seguintes, ele fica incrédulo ao perceber que a gata sempre muda de lugar, passeando entre os prédios, telhados e vilarejos eternizados na pele da moça. Enquanto isso, o homem não sabe, porém, que um gato misterioso vagueia de verdade pelas avenidas de Tóquio desde que ele desenhou o bichano.
O livro inova no estilo da escrita ao introduzir diversos focos narrativos e gêneros literários, como histórias em quadrinhos (os mangás, em japonês), haicais (poesias japonesas) e aborda elementos metaliterários: no capítulo sobre a tradutora americana, por exemplo, a própria personagem traduz o enredo do qual faz parte.
Como personagem principal, o gato guia o leitor em uma viagem imersiva e sensível da cultura do Japão. Ao mesclar as tristezas e mazelas do cotidiano à magia felina, a obra propõe uma reflexão sobre como os encontros e desencontros revelam o verdadeiro sentido da vida: as conexões humanas que construímos ao longo do caminho e os múltiplos sentimentos que derivam dessas relações.
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